Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

LITERATURA BRASILEIRA

Textos literários em meio eletrônico

Soneto de José Basílio da Gama


Edição de referência:

Obras Poéticas de Basílio da Gama, org. de Ivan Teixeira.São Paulo: EDUSP, 1996.

XVI

SONETO

AO PADRE MANUEL DE MACEDO

POR OCASIÃO DE CONSTAR AO AUTOR O MAL QUE

DIZIA DE SEUS ESCRITOS O MESMO PADRE

O químico infernal drogas malditas

Infundiu num lambique sem demora

Ferros, venenos, víbora traidora,

Cartas da mão de Maquiavel escritas.

A fogo lento, pragas infinitas.

Destilou tudo, e em pouco mais de hora

Pelo gargalo do lambique fora

Saíram, par a par, dous jesuítas.

Sua obra mostrou ao reino escuro;

Tornou a destilar muito em segredo:

Saiu um Manigrepo ainda mais puro.

O Demo, que o forjou teve-lhe medo,

Despejou o lambique em um monturo;

E desta massa é que saiu Macedo!

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