Fonte: Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos

LITERATURA BRASILEIRA

Textos literários em meio eletrônico

Soneto de José Basílio da Gama


Edição de referência:

Obras Poéticas de Basílio da Gama, org. de Ivan Teixeira.São Paulo: EDUSP, 1996.

VII

SONETO

A UMA SENHORA

NATURAL DO RIO DE JANEIRO,

ONDE SE ACHAVA ENTÃO O AUTOR

Já, Marília cruel, me não maltrata

Saber que usas comigo de cautelas,

Que inda te espero ver, por causa delas,

Arrependida de ter sido ingrata:

Com o tempo, que tudo desbarata,

Teus olhos deixarão de ser estrelas;

Verás murchar no rosto as faces belas,

E as tranças d'ouro converter-se em prata.

Pois se sabes que a tua formosura

Por força há de sofrer da idade os danos,

Por que me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,

Gozemo-nos agora, enquanto dura,

Já que dura tão pouco a flor dos anos.

Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística